“Não façam como nós”, dizem cientistas suecos sobre o fracasso do país em conter a pandemia
A Suécia é o farol da humanidade no século XXl. Recebe refugiados fugindo de guerras e crises humanitários como poucos países; trabalha efusivamente contra o aquecimento global como nenhuma outra nação; distribui renda de maneira exemplar.
Na pandemia do COVID-19, o país nórdico também criou interesse em todo o mundo ao pôr em prática uma estratégia particular de tentar conter o vírus: em vez de obrigar as pessoas a ficar em casa, advogou por restrições voluntárias, sem obrigar o uso de máscaras.
Agora, quatro meses depois daquele caótico início de março, quando a maioria da Europa foi mandada para dentro de casa, cientistas suecos lançam um alerta global para que o resto dos países não façam ou insistam na tática escolhida pelo país. Em 11 parágrafos devastadores, as 25 eminência são rotundas: adotem medidas estritas contra o coronavírus, não deixe tudo nas mãos da vontade dos cidadãos, como nós fizemos. Procurar a chamada imunidade de grupo (ou rebanho) não é a estratégia certa. Em resumo: “Não combata o vírus da maneira sueca”.
O resultado concreto ao qual se referem os estudiosos, em 20 de julho, quando a carta foi publicada, é que Suécia tinha uma taxa de mortalidade de 556 mortes por milhão — em comparação com 424 mortes por milhão nos Estados Unidos, o país onde mais gente morreu vítima da pandemia. Ou quatro vezes e meia mais mortes do que os outros quatro países nórdicos juntos e mais de sete vezes mais por milhão de habitantes. “Há várias semanas, a Suécia está entre as principais do mundo em termos de mortes per capita. E, apesar disso, a estratégia permanece essencialmente a mesma”, relatam os cientistas.
“Uma aritmética brutal”
Especialistas lembram que a OMS criticou a estratégia de alcançar a imunidade do grupo: “Isso pode levar a uma aritmética muito brutal que não coloca pessoas, vida e sofrimento no centro dessa equação”, afirmou Mike Ryan, diretor executivo do Programa de Emergências em Saúde da OMS em maio. Além disso, os dados de soroprevalência na Suécia também não são animadores. O número de pessoas com anticorpos é inferior a 10%; portanto, a tão esperada imunidade de grupo está longe de ser alcançada, enquanto a estratégia de não fazer nada levou apenas à “morte, sofrimento e dor”. Mesmo do ponto de vista econômico, isso não se justifica, observe os signatários do manifesto: “Não há indicação de que a economia sueca tenha se saído melhor do que em muitos outros países”.
Pode ser um triste consolo, mas até na pandemia a Suécia colaborou de alguma maneira da humanidade: até os suecos podem se equivocar.
Curtir o post? Comente, compartilhe, vou adorar saber sua opinião.
Primeira vez aqui? Conhece melhor o blogueiro, um apaixonado por Madri que compartilha ideias para você desbravar a cidade e o mundo cada cez mais. Pensando em visitar a cidade? Ofereço opções de hospedagem no centro!