Presidente de Portugal toma banho de mar entre cidadãos e vira notícia
No último domingo, Marcelo Rabelo Sousa aproveitava o sol de verão na praia de Alvor, no Algarve, ao sul de Portugal, como um dos 10 milhões de cidadãos lusos poderiam fazer. O detalhe para os demais é que Marcelo é o presidente do país desde 2016. Para o cidadão mais popular de Portugal, isso é apenas um detalhe: o Professor, como é conhecido, sempre agiu como um cidadão mais, o que de fato ele é.
Compartilhando a areia estava a jornalista brasileira Claudia David Ribeiro, do site Portugal Online Oficial. “De repente vi aquele senhor de bermuda verde se preparando para entrar no mar. Ele estava acompanhado apenas de um casal. Chegou na beira da água e deixou a tolha e a máscara na areia”, disse ela narrando o encontro que rendeu a seguinte conversa:
– “Presidente, boa tarde! Somos jornalistas brasileiros das plataformas Portugal Online Oficial e queremos fazer uma pequena entrevista com o senhor!“.
Antes que Marcelo Rebelo de Souza pudesse dizer um sonoro “não, agora não posso“, Claudia já fez a primeira pergunta!
– “Presidente, essa é a sua praia favorita aqui no Algarve?“. Ou seja, ele nem teve tempo de recusar falar com a gente (eu acho que ele não faria isso)! rsrs
“Qualquer praia aqui no Algarve é muito boa, mas eu diria que essa é minha preferida porque quando meus filhos eram bem pequenos, no início dos anos 80, eu passei 10 anos aqui. É muito calma, tranquila, água quente, muita criança, muita família. Se chama Alvor e aqui tenho passado algum tempo. Fiquei aqui o final de semana e em agosto quero voltar“, disse Marcelo Rebelo de Sousa sobre a Praia dos Três Irmãos, em Alvor (Portimão), no Algarve.
O presidente de Portugal também falou sobre os brasileiros que já moram em Portugal. “Brasileiros em Portugal são portugueses e são irmãos; são irmãos muito queridos! E que vivem aqui faz muito tempo, criando riqueza e justiça em Portugal”.
Marcelo sempre foi popular no sentido mais estrito da palavra. “Desde que ganhou as eleições por maioria absoluta, em janeiro de 2016, sua popularidade nunca minguou. Sua fórmula é agir como ele é: um político habituado a dar abraços, falar com todos e pôr as pessoas de acordo. Sua campanha eleitoral foi a mais barata de todas, e sua equipe cabia em um carro que, frequentemente, era dirigido por um filho dele.
“Nunca habitou o palácio de Belém, sede da presidência, pois prefere continuar em sua casa de toda a vida, em Cascais. Ali, diariamente ―exceto durante a pandemia―, faça frio ou calor, toma um banho de mar às 8h da manhã e se seca tranquilamente na areia enquanto turistas ou jovens nativos aproveitam para fazer uma selfie. Geralmente é o próprio Rebelo de Sousa quem pega o celular dos fãs para tirar a foto, pois é quem tem mais prática. Em Portugal, se diz que, depois de cinco anos todos os portugueses já deverão ter uma foto com seu presidente”, contava uma das inúmeras reportagens da imprensa espanhola sobre o líder do vizinho.
Em maio, quando a pandemia só trazia más notícias, Marcelo havia sido notícia por ir ao supermercado e enfrentar a fila. “Talvez lhe faltassem iogurtes bifidus, que adora, ou sabão para a máquina de lavar roupa. Então se pôs na fila do Continente (a rede de supermercados), com sua máscara e seu short azul-celeste, um de seus preferidos. Sua presença não causou nenhuma surpresa entre os cidadãos, acostumados a esse tipo de comportamento por parte de Marcelo de Sousa, hoje numa fila do supermercado, ontem servindo refeições a indigentes. Mas no exterior a imagem parece ter surpreendido, tanto que foi amplamente reproduzida no Twitter”, dizia reportagem do EL PAÍS sobre a banalidade para qualquer cidadão, mas não para os políticos acostumados a serem paparicados por assessores.
Enquanto isso, no Brasil…
No último domingo, protegido por cerca de 100 seguranças — como ele mesmo diz ter — em terra, ar e mar, Jair Messias Bolsonaro levantava uma caixa de cloroquina em frente ao Palácio da Alvorada, em Brasília. Desconfortável com o a máscara “coisa de gay” que usava, ovacionado por cada vez menos gatos pingados, quase todos desprotegidos, ele pouco disse. Jair estava à distância de um espelho d´água deles, mas a um oceano Atlântico o separava da humanidade, popularidade e competência daquele senhor de olhos azuis que tratava de normalizar a política nas areias de Portugal.
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Se ele tivesse sofrido a tentativa de um assassinato, ele continuaria assim?! O Bolsonaro mesmo tendo sofrido esta tentativa, não se afastou da população.
Olá Rise, obrigado por compartilhar sua opinião, diferente da minha, mas obviamente respeitável.