Sou latino-americano ouvindo Belchior, Gil e Ney Matogrosso. No Brasil português, de costas para as ex-colônias espanholas, o adjetivo nunca pegou.
Andando por qualquer dos outros 19 pedaços de terra por onde a latinidade se espalhou desde 1492, quando Colombo pisou nas Bahamas, noto ao meu redor um sentimento de unidade. Certamente, o espanhol comum, e o tamanho menor da Bolívia, Chile, Colômbia, Costa Rica, Cuba, El Salvador, Equador, Guatemala, Haiti, Honduras, México, Nicarágua, Panamá, Paraguai, Peru, República Dominicana, Uruguai e Venezuela facilitam a integração.
Em Caracas, conheci o peruano dono de um restaurante especializado em ceviches, soube de vinda da turnê da banda de rock argentina, vi pinturas do cubano Fidel Castro e anúncios da colombiana Avianca disputarem lugar com os da chileno-brasileiro Latam. O continente estava ao redor.
Na Venezuela, conversando com um(a) e com outro(a), impressionou-me bastante ouvir e ver — em murais, painéis, obras públicas — que existe por essas bandas um sonho de Pátria Grande, ou seja, a união de vários países latino-americanos para a criação de um novo país.
A idéia não é nova, e esteve a ponto de ser realidade no passado, implementada por Simón Bolívar. Considerado por muitos a personalidade mais importante da História da América Latina, o venezuelano filho da burguesia espanhola liderou a independência nada menos que de cinco países, e queria que Venezuela, Peru, Colômbia, Equador e Bolívia formassem um grande país, aumentando forças e assim dificultando a volta dos espanhóis. Mas principalmente freando a rápida crescente influência dos Estados Unidos.
Enquanto isso, lembrei-me que o Mercosul — ah, o Mercosul –, um caminho que a política criou ainda no século 20 para aproximar os povos desses trópicos — o que sem dúvida traria maior intercâmbio cultural, turístico e sobretudo econômico no xadrez competitivo global, e naturalmente avançaria para passos integradores –, é quase lenda. Não custa lembrar: bananeiros, fomos dependentes da Europa no passado, dos EUA há até pouco tempo, e agora contamos com a China para seguirmos adiante.
Em 2020, mais de 200 anos depois dos feitos de Bolívar, a influência norte-americana passou há tempo a dependência de muitos países às políticas americanas. No Brasil de Bolsonaro, por exemplo, certamente fica vetada qualquer possibilidade de integração regional. Ele é tão, mas tão apegado a Tio Sam, que achava que o Brasil se chamava Estados Unidos do Brasil. Pobre Bolívar, pobre Brasil.
América Latina
A América Latina não é um território nem um continente, mas o espaço ocupado hoje por 20 nações que foram um dia colônias de países onde a língua ancestral foi o latim falado no Lácio, região do entorno de Roma. Italiano, francês, português e romeno são línguas latinas.
Como felizmente somos curiosos e andamos, andamos, há dezenas de variantes deste quatro idiomas usados por grupos minoritários de falantes. O catalão de Barcelona, o siciliano da Itália, o mirandês português e o galego falado no noroeste da Espanha, são algum deles. O galego, aliás, é uma mistura gostosa de português e espanhol falada numa terra linda, a Galícia, no Noroeste da Espanha. Abaixo deixo o show de uma das principais bandas galegas da atualidade. Espero que goste!
Você sabia?
Comemora-se em 21 de abril o Dia da Latinidade.
—————————————————–
Curtiu o post? Comente. Compartilhe!!!
Adoro seu comentário e é gratificante — e importante — chegar ao máximo de pessoas possivel. Por isso, além de saber que pude ajudá-lo(a) de alguma maneira a viajar — ou ao menos se inspirar — a andar mais, lembro que a audiência e a interação crescentes também me ajudam a seguir em frente. Portanto, se gostou do conteúdo, que tal compartilhá-lo?