A Europa de mil e uma bandeiras: o continente se todos os movimentos de independência tivessem êxito
Dizem por aí que quase tão divertido quanto viajar pela Europa é planejar a rota pelo Velho Continente. Pode ser exagero, mas é inegável que o mapa com 50 países pequenos –comparado-se com o Brasil — , com culturas, comida, arquitetura, muitos hábitos e peculariedades em conviver diferentes, entre tantos outros atrativos, empolga qualquer curioso pelo mundo. O brilho nos olhos é um sintoma natural de quem compartilha de boca cheia: “estou montando uma Eurotrip”.
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Morando na Espanha, fascina-me a possibilidade de, uma hora depois de montar numa cápsula metálica, poder estar contente tomando una ginjinha na Praça do Comércio, em Lisboa; em 2h de voo possa estar admirando a modernidade de La Defensé parisiense; ou em pouco mais de 3h de deixar o aeroporto de Barajas, em Madri, possa estar curtindo pôr do sol aos pés da ateniense Acrópole.
14 voos de menos e 3h partindo de Madri
1 hora y 10 minutos: Porto (Portugal)
1 hora y 15 minutos: Lisboa (Portugal)
1 hora y 35 minutos: Nantes (França)
1 hora y 50 minutos: Sardenha (Itália)
2 horas y 5 minutos: Marrakech (Marrocos)
2 horas y 10 minutos: Paris (França)
2 horas y 20 minutos: Zurique (Suíça)
2 horas y 55 minutos: Viena (Áustria)
2 horas y 25 minutos: Londres (Inglaterra)
2 horas y 30 minutos: Stuttgart (Alemanha)
2 horas y 30 minutos: Roma (Itália)
2 horas y 40 minutos: Amsterdã (Holanada)
2 horas y 40 minutos: Malta
2 horas y 40 minutos: Dublín (Irlanda)
Viver aqui também faz com que, em pouco tempo, um se dê conta que o conceito de Europa, como seus 50 países, com suas fronteiras retalhadas, bandeiras, hinos e diferenças, mas com princípios comuns que os unem — 27 deles mais organizadamente pela União Européia; ou mesmo da idéia de um país, com idioma, cultura, poder central etc, não são um fato consumado. Ou ato divino. A Catalunha, cuja capital é Barcelona, talvez seja para o mundo a parte mais visível dessa dinamicidade. Um parte dos que quem vivem não se sente espanhola, e sim Catalã.
Mas essa tensão é apenas mais uma da História da Europa que, sob muitos aspectos, é uma história não contada, quase esquecida. Esse pedaço de terra, 10% maior que o Brasil, foi centenas de nações e estados criados por nômades que um dia se estabeleceram, criaram fronteiras, em algum momento foram conquistados por outros povos e absorvidos por eles. Em 2020, resultaram em cinquenta estados cujo poder e influência percebemos, em maior ou menor grau, diariamente. Mas e aqueles estados que não foram, aqueles que não são e aqueles que tentam existir? Quem sabe da existência deles?
Leio no site Magnet sobre um recém-lançado “maravilhoso livro escrito por Norman Davies e dedicado aos estados extintos da velha Europa, Vanished Kingdoms: The History of Half-Forgotten Europe“. Ao que parece, conta como as linhas Europa de hoje foram forjadas. De vencidos e vencedores. Já está na minha lista de leitura, em breve espero compartilhar com vocês o que achei.
Além do “como chegamos até aqui”, há um mapa circulando nas redes sobre um hipotético futuro europeu. Segundo seu criador, nele estão representados os estados da Europa se todos os movimentos nacionalistas ou de independência triunfassem sobre os países atuais. “O livro é História; o mapa é ficção. Um surpreedente exercício imaginativo, e por isso algo exagerado. Projetado pelo usuário do Reddit u / stanthefax, ele revela as ambições e a profundidade de numerosos movimentos regionalistas”.
A Espanha, por exemplo, seria resumida a um número interminável de nações diferentes, entre as quais aragoneses, leonenses, asturianas e andaluzas. Comunidades onde hohe é possível encontrar partidos nacionalistas ou regionalistas (como a Unión del Pueblo Leonés), mas cuja penetração eleitoral é nula.
Além da curiosidade, é um lembrete de que a História é viva. Ou, talvez, que as aparências enganam.
E você, o que achou do mapa? Deixe seu comentário.