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17 dicas para se hospedar num hostel pela primeira vez

Plas Curig Hostel

Quarto coletivo do Hostel Alface, no Bairro Alto, Lisboa, onde hospedei-me uma vez. Na capital portuguesa ficam alguns dos melhores albergues da Europa
Quarto coletivo do Hostel Alface, no Bairro Alto, Lisboa, onde hospedei-me uma vez. A capital portuguesa hospeda alguns dos melhores albergues da Europa

Hospedar-se não é o verbo mais adequado para quem passas seus dias fora de casa alojado em um hostel — palavra inglesa pela qual é conhecido mundialmente o albergue.

A cultura alberguita vai muito além de pagar pouco por uma cama em um quarto compartilhado. Conhecer gente do mundo inteiro, interagir com locais, reunir-se nas áreas comuns e trocar experiências de viagem, estar aberto a mudar de plano ao longo do caminho, e muito mais: faz-se viajante, não turista, quem aposta neste tipo de acomodação.

Na minha trajetória de alberguista, que começou quando morei no México, em 2004, pude fazer algumas anotações:

1- em alguns países, como a Índia — onde as hospedagens em geral são precárias –, albergues são quase insalubres. Fuja deles! Em outros lugares, principalmente na Europa Ocidental, há de tudo, do luxo (sim, hostel de luxo) ao lixo. Em resumo: existe uma cultura alberguista em alguns países e em outros não. Pesquisar é preciso;

2- a qualidade dos albergues, do mobiliário ao serviço, vem melhorado muito no mundo inteiro. Na Europa, por exemplo, o conceito de hostel boutique — lugares com pinta de hotel de luxo, mas com quartos compartilhados — é uma realidade. Conheça o Generator e saiba do que estou falando;

3- frequentadores de hostel são em geral gente muito interessante, cheia de histórias para contar, parte importante da experiência;

4- o clube de alberguistas ganha adeptos rapidamente. É muito comum conhecer gente que está se hospedando num deles pela primeira vez, algumas com cara de nojunho, até;

5- os europeus são quase sempre a maioria dos hóspedes de albergues. Minha teoria é que, num continente de 40 países relativamente cerca e tão diversos, é fácil aprender a viajar logo cedo. E sozinho.

6- No Brasil, o movimento segue a maré mundial: pouco a pouco o alberguismo vai crescendo. Cadeias de hostels, como a Che Lagarto, pipocam pelo país e se profissionalizam cada vez mais.

Área comum do hostel Generator em Venenza, Itália: a rede de 11 albergues é uma das melhores do mundo

Para ajudá-lo(a) a se atrever estrear na vida mochileira — ou reforçá-la –, da qual hospedar-se em um albergue é parte essenccial, compartilho 15 dicas que aprendi  ao longo do caminho. Para facilitar seu planejamento, dividi-las em dicas antes e durante a estadia.

 

Antes de ir

 

1- Leia os comentários dos hóspedes 

Capa do site HostelWorld, um dos melhores buscadores de hostel de mundo

É cada vez mais comum escolhermos onde nos hospedar baseados na avaliação de quem já dormiu lá antes. Ou em outras palavras: quem vai mal no TripAdvisor (a maior comunidade viajante do mundo) está fadado a definhar. Para hostels, ler o que ex hóspedes têm a dizer é ainda mais valioso. Alberguistas em geral são bastante conectados e promotores de locais onde se sentiram bem — ou detratores de onde passaram maus bocados. Alguns dos pontos que você sempre deva levar em conta ao ler os comentários:

  • “Tem bicho no quarto”. Fuja, mesmo que seja apenas um comentário! Se alguém viu um escorpião zanzando pelo ralo ou reclamou da coceira ao dormir, vitimado por bedbugs, fica sabendo que suas chances são grandes de ter contato com animais incômodos, capazes de acabar com sua viagem. 
  • “A fila para o banheiro estava pior que a do INSS”, ou afins em outros idiomas. Segundo li em um site sobre gerenciamento de albergues, a quantidade ideal é um chuveiro para quatro camas. Já que nem sempre é fácil ter essa informação, não abra mão de ler os comentários e ver se há críticas reiteradas à espera para usar os banheiros.
  • “Albergue sem locker”, “fui roubado no albergue”. Parece óbvio que em um lugar onde convivem estranhos haja um lugar seguro para deixar os pertences, mas, por incrível que pareça, há hostels que pretendem que seus hóspedes contem somente com a sorte. Passe longe!
  • “A limpeza é precária”. Se há uma coisa que deve ser tratada com zelo em um espaço onde há muita gente [desconhecida] por metro quadrado, é a limpeza. Albergues sem um bom serviço podem significar que você simplesmente não conseguirá ficar muito tempo no seu quarto, e pode ter ânsia de vômito ao visitar o banheiro.
  • “Quarto saariano”. “Quarto antártico”. É ok albergues não terem ar-condicionado ou aquecedor nos quartos. Afinal você está pagando pouco para ter o básico, certo? E o básico é, por exemplo, um ventilador que funcione no verão do Rio de Janeiro, ou uma manta grossa no inverno russo.  

 

2- Localização

É comum os hostels afirmarem estar bem localizados, mesmo quando sejam quase cativeiros. Para ter uma boa pista, veja no site como será o trajeto entre o aeroporto e/ou rodoviária até lá. Se a instrução for muito larga, acenda a luz amarela. Comentários de outros albergusitas também ajudam bastante — também veja nas mensagens de outros hóspedes há queixas sobre o local ser perigoso ou extremamente barulhento.

Dica: Hostel bom fica cerca de uma estação de metrô ou ponto de ônibus facilmente acessível. Caso tenha que caminhar muito depois depois de deixar um transporte público para ecnonomizar um pouco mais, saiba que o barato pode estar saindo caro.

Dica 2: anote a instrução de chegada dada pelo hostel. Os pins do São Google Mapas miutas vezes me levaram para centenas de metro de distância do local exato. Uma péssima idéia com uma mochila nas costas…

 

3- Política de cancelamento

Mudar os planos durante uma viagem é relativamente comum, principalmente para quem está a muitos dias na estrada. Por isso, vale a pena conferir a política de cancelamento do(s) seu(s) albergue(s) no caminho. São preferíveis os que permitem anular a estadia até determinado tempo antes da chegada, sem cobrar nada por isso. Cuidado: alguns hostels cobram mais que uma diária — a prática mais comum de cancelamento é um dia de multa — quando você avisa que não irá mais. Essa dica, claro, vale para se você for obrigado a pagar a totalidade da hospedagem antes da chegada, prática cada vez menos comum para hostels.

 

4- Quarto para quantos e com quem

Quarto para 30 pessoas no Orient Hostel, em Istambul: você encara?

Mais gente por quarto, mais barata a diária. E um pouco mais desconfortável sua estadia, certamente. Em um quarto com  mais 15 pessoas, a possibilidade de mau cheiro, de um bêbado chegar derrubando tudo no meio da madrugada, de haver alguém mal intencionado em furtar objetos, de alguém reclamar do frio enquanto outros sentem calor, e de muitos outros ruídos de sintonia, é maior.

Mulheres, principalmente viajando sozinhas, quase sempre podem optar por quartos femininos. Faça isso.

Muitas vezes, reservei quartos duplos a até quádruplos e fiquei sozinho a maioria do tempo. É uma boa pedida tentar pagar um pouco mais para compartilhar com pouca gente e, com sorte, ficar só.

 

5- Veja o que está incluído na diária

Serviço de lavagem e secagem de roupas é comum, mas costuma custar ser cobrado, como nesse hostel em Roma

A lógica dos hostels costuma ser diárias baratas por serviços básicos. Surpreendem os que cobram pouco e oferecem mais qualidade, mas tenha cuidado: há hostels com uma ótima pinta e preços modestos, mas que cobram por qualquer extra: de uma toalha a um locker; do café da manhã a mais minutos no banho; de wi-fi a mapas da cidade. Certifica-se de que o barato não vai sair caro ao final.

 

6- Leve máscara de dormir e protetor de ouvido

Caso opte por uma habitação compartilhada, saiba: muito provavelmente algum companheiro de quarto vai acordar antes do sol, e muitos outros juntamente com as galinhas. Alberguistas em geral são viajantes solitários mais interessados no dia que na noite. A lógica é aproveitar a luz do dia para conhecer e desbravar ao máximo o entorno local, e à noite descansar e socializar no hostel.

Muitos locais também usam a ilimuninação natural para economizar energia, têm quartos colados em áreas comuns, ou simplesmente não se importam com o conforto dos hóspedes quando o assunto é luz e barulho.

Portanto, se você curte dormir até tarde em paz, protetores de olho e de ouvido são indispensáveis.

 

7- Leve dinheiro

Uma vez, em Praga, ao fazer o check-out, atrasado para o aeroporto, fui surpreendido: “só aceitamos dinheiro”, disse a atendente. Saí desesperado para sacar e consegui chegar a tempo ao terminal.

Em geral, paga-se uma taxa mínima de reserva (5%, 10% do total), quando esta é feita online, e a diferença na chegada. Mas há hostels que contabilizam as diários, serviços extras e produtos do bar e cobram tudo ao final, e somente em efetivo. Informa-se e evite sustos na hora de ir embora.

 

No hostel

 

8- NUNCA deixe seu passaporte como depósito

É comum que o hóspede tenha que deixar algum documento na recepção até o check-out, e alguns hostel pedem diretamente o passaporte.

Também é usual que, tendo fechado a conta na chegada, você queira — ou precise — sair apressado. Ou ainda que ao final da estância seja surpreendido por cobranças extras que não são suas e, para pressioná-lo, retenham seu documento.

Ou por fim que um funcionário descuidado perda seu passaporte mais valioso; ou mesmo o albergue seja roubado.

Dadas todas essas hipóteses, anote: NUNCA deixe seu passaporte como fiança e evite potenciais sustos.

 

9- Converse com os atendentes e/ou com o dono

Se há gente antenada e bem relacionada neste mundo, costuma ser o(a) recepcionista e o dono de um hostel. Desde dicas básicas sobre como chegar a pontos turísticos que todo mundo vai até o que está rolando naquela semana de legal na cidade, passando pelo novo bar imperdível, a nova zona cool, os melhores descontos para shows, discotecas, etc: eles costumam saber tudo. Explore seus conhecimentos também para pedir dicas sobre seus próximos destinos, caso esteja montando a sua viagem ao longo do caminho. Os anfitriões certamente darão boas dicas para seus próximos passos, principalmente indicando boas hospedagens nas próximas cidades aonde queira ir.

 

10- Olhe a sua volta no quarto

Não lembro quem me aconselhou, mas anotei a dica com carinho: ao chegar ao seu quarto compartilhado, preste atenção ao entorno. Se notar objetos de valor do lado de fora dos lockers, mochilas abertas e nenhuma queixa sobre furtos, você deve estar num lugar seguro, mais fácil de relaxar. Caso perceba que todo mundo guarda tudo nos lockers e há um clima de tensão no ar, tome mais cuidado, há perigo no ar. Pessoas mal intencionadas — e as mais precavidas também –, costumam esconder ao máximo os seus pertences. De qualquer maneira, para correr menos riscos, procure fazer o mesmo.

 

11- Durma na cama de baixo

Escalar uma beliche de madrugada, carregar algum aparelho estando a metros de uma tomada, ou mesmo aventurar-se a fazer sexo numa cama que se move e faz barulho não são extamente boas idéias. Fique perto do chão.

 

12- Veja as regras sobre bebidas alcóolicas

Uma parte singificativa do faturamento de um hostel vem do bar interno e dos serviços extras, por isso é comum o hóspede não poder trazer bebidas alcóoolicas de fora. A regra não se estende à comida: quase todos têm uma cozinha onde você pode preparar sua iguarias na cia dos seus novos amigos e economizar uma grana.

 

13- Ceritifique-se dos horários de limpeza

Se você gosta de trocar a noite pelo dia, talvez seja melhor evitar ficar em um hostel. Ao contrário da maioria dos hotéis, onde o hóspede pode dizer se deseja ou não serviço de arrumação de quarto — e até a que horas –, em alguns hostels o serviço é compulsivo em determinado horário. Quem estiver dormindo será acordado e quem quiser entrar no quarto eventualmente poderá ser impedido. Certifique-se sobre sua liberdade de ir, vir e dormir (rs) no check-in.

 

14- Não deixe itens do necessaire no banheiro

Na Suíça ou no Rio de Janeiro, itens de higiene pessoal desaparecerão se deixados para trás até o próximo banho. Leve e traga de volta a cada ida ao banheiro.Puxe assunto no quarto, no bar, com os atendentes.

15- Leve chinelo

Você vai precisar.

 

16- Interaja

Lembre-se que grande parte do valor de uma hospedagem em hostel é a possibilidade de ouvir e compartilhar histórias bacanas e, eventualmente, fazer amigos para toda a vida no caminho. Puxe conversa, use a linguagem dos sinais, aprenda e ensina, divirta-se. Afinal, fazer amigos não é tão fácil na rotina.

 

17- Siga as regras de etiqueta

Encontrar companheiros de viagem e fazer amigos e parte valiosa da experiência de ficar em um hostel. Para isso, sorriso no rosto, sociabilidade e curiosidade são importantes, mas outro detalhe é essencial: seguir as regras de etiqueta. Algumas básicas são cuidar do volume do fone de ouvido no quarto, evitar incomodar os demais no meio da madrugada, evitar levar comidas que cheirem forte para o quarto, não se trancar no banheiro por horas, etc… O bom senso sempre funciona.

Em breve, compartilharei a lista dos melhores e piores hostels por onde andei. Fique ligado!

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