Criado por arquiteto japonês, mapa mostra o mundo como realmente é

 

Lembro-me da minha querida professora de Geografia, Dora, dizer à vésperas de um dos dias mais temidos na vida de um adolescente: mapas são uma questão garantida no vestibular. Batata.

Infelizmente, àquele altura, o longínquo 2004, a prova de ingresso à universidade explorava mais o potencial de arara que a criticidade dos candidatos. Sobre mapas, por exemplo, eram comum perguntas acerca do nome das projeções. “Como se chama o cartógrafo responsável pela projeção dos mapas que se tornaram padrão no mundo?”

Sim, projeção, e esse é o começo da história…

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Projeção de Mercator: distorção feita realidade

No arara mode on, repetindo sem pensar, é capaz esquecermos que mapas são representações. Podem carregar em seus traços apenas a honestidade intelectual — sinônimo de compromisso em tentar expressar a realidade — dos seus autores; ou revelarem algum interesse obtuso por linhas tortas. O exemplo mais conhecido da segunda hipótese é simplesmente o mapa mundi que nos ensinaram ver toda a vida. Baseado na projeção realizada em 1569 do flamengo Gerardus Mercator, não é difícil notar que, no mapa que ganhou o mundo, as áreas colonizadas são sub representadas comparando-se com as áreas colonizadoras. A Europa é o centro do mundo e muito maior do que realmente é. Por tabela, a América do Norte, que a essa altura pouco dava cartas no mundo, saiu-se beneficiada. Não me iludo ao pensar que se os Estados Unidos fossem mal representados neste mapa do século XVI, em 2016 estaríamos olhando para outra representação do globo. Abaixo, compartilho algumas distorções sobre a projeção majoritária.

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Criado pelo Instituto Geográfico Militar de Chile em 2007, o mapa mundi invertido pôs o país — e o Hemisfério Sul — em destaque, embora sem resolver o problema das proporções.

Leia mais: Todos os mapas que você conhece são ruins

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Mapa invertido: protagonismo do sul

Reportagem da BBC publicada ha poucos dias, que reproduzo abaixo, dá conta de um japonês premiado por redesenhar o mundo proporcionalmente utilizando técnicas de origami. Agora só falta colocar o Brasil no centro do mapa. Talvez quando assumamos de vez nosso papel de protagonistas globais.


Criado por arquiteto japonês, mapa mostra o mundo como realmente é

 

Mapa criado por Hajime Narukawa busca refletir com precisão as proporções entre continentes e países
Mapa criado por Hajime Narukawa busca refletir com precisão as proporções entre continentes e países

O mapa-múndi que os alunos usam na escola e consta no Atlas não corresponde exatamente à realidade. Esse mapa, conhecido como projeção de Mercator, mostra a Antártida e a Groenlândia, por exemplo, de forma distorcida e desproporcional.

Um artista e arquiteto japonês desenvolveu uma representação que busca mostrar com precisão as proporções reais entre os países e continentes. A criação foi inspirada no origami, arte milenar japonesa de dobradura de papel.




O mapa se chama AutaGraph e seu autor, Hajime Narukawa, ganhou com a sua criação um dos mais respeitados prêmios de design do Japão, o Good Design Award, concedido pelo Instituto de Promoção de Design Japonês.

A tradicional projeção de Mercator foi apresentada pela primeira vez pelo geógrafo e cartógrafo flamengo Gerardus Mercator, em 1569. Foi ele também que introduziu o termo “atlas” para descrever uma coleção de mapas.

O sistema desenvolvido pela projeção de Mercator respeita as formas dos continentes, mas não os tamanhos. Seus mapas ganharam popularidade e foram usados como cartas náuticas, uma vez que permitiam traçar rotas como linhas retas, diferentemente de outras projeções mais precisas.

As distâncias entre os meridianos e paralelos, no entanto, estão distorcidas. E os países e regiões próximas aos polos aparecem em um tamanho muito maior do que o real. A Groenlândia, por exemplo, aparece quase tão grande quanto a África, sendo que o continente africano tem uma área 14,4 vezes maior.

A TÉCNICA DE ORIGAMI

Como Hajime Narukawa criou seu mapa de origami? O arquiteto dividiu o globo terrestre em 96 triângulos, que logo foram transformados em tetraedros, poliedros com quatro faces. Poliedros são formas geométricas com faces planas e volumes definidos.

A partir desta técnica, Narukawa conseguiu exibir as informações da esfera terrestre em um retângulo, mantendo suas proporções.

REPRESENTAÇÃO FIEL

O mapa pode não ser o ideal para navegação e pode parecer estranho à primeira vista, com uma mudança de posição da Ásia e da América do Norte. Ele resolveu, no entanto, o difícil desafio de projetar um planeta esférico em um mapa plano.

“AuthaGraph representa fielmente os oceanos e os continentes, incluindo a Antártida, e fornece uma perspectiva precisa e moderna do nosso planeta”, disse a organização que concedeu o prêmio a Narukawa.

Os organizadores do prêmio acrescentam, no entanto, que o mapa poderia ser mais detalhado, “aumentando o número de subdivisões”, para refinar ainda mais a precisão.


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2 thoughts on “Criado por arquiteto japonês, mapa mostra o mundo como realmente é

  • 14 de novembro de 2017 em 18:23
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    Muito interessante sua reportagem. Evidencia como as relações de poder e delimitação de territórios são afirmadas ao longo do tempo. Espero que essa questão seja abordada no ensino fundamental e médio.

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    • 4 de maio de 2020 em 20:11
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      Obrigado, Maíra. O Blog está de volta, mais ativo que nunca. Espero que aproveite a leitura!

      Resposta

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