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Diário de Viagem: Meu melhor conselho

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Foto: Madri 2013

Alguns textos foram escritos antes de o Andar Andar existir, mas contam histórias que podem ser úteis para futuros viajantes, ou apenas curiosas.

Madri, 2013 — Hoje mais um amigo perguntou se vale a pena “largar tudo e se mandar para a Europa” — a pergunta, diga-se, poderia ser no sentido contrário, não tem nada a ver com “abandonar o Brasil” em tempos difícieis. Lisonjeado em servir de referência, respondi que a pergunta compete com a mais emblemática de todas — de onde viemos, para onde iremos? — em grau de especulação. Para mim, é claro, sempre vale a pena largar tudo e seguir o instinto, apesar de o “sim, mas e o meu emprego….minha família…minhas raízes etc…) atrapalharem o caminho. O “sim, mas”, eu disse, é a licença poética nobre da nossa covardia. Ser covarde é achar que normal é conservar-se, não assumir riscos.
A motivação de ir, reafirmei, é única, pessoal e intransferível, por isso puramente especulativa. A única coisa que tenho certeza é que, quando olho para trás, recém-completados 30 anos (idade em que ainda temos bastante controle sobre nossas circunstâncias), cinco países como casa e 30 países na bagagem (depois da Bélgica, de onde voltei ontem!), orgulho-me imensamente das escolhas que fiz.
Viajar é melhor maneira de me definir e me situar como ser-humano no meio de sete bilhões, e “ser” sem dúvida pra mim dá mais sentido à vida e nos motiva mais que “ter”.
Como não se espantar, por exemplo, com as diferenças — e a beleza — da vida em Havana ou Nova York, cidades onde casualmente morei. Ou mesmo fazer perguntas (fúteis?) como qual será o motivo de existirem povos tão bonitos e outros nem tanto? Ou lugares onde o trabalho é o mais importante de tudo e outros apenas motivo de subsistência. E as pessoas maravilhas que cruzam seu caminho, então. É encantador.
O fato, completei, é que para mim ousadia e desapego nunca são suficientes para ver o mundo. Ir é o que realmente importa.
Espero não influenciar sua decisão, querido amigo.

Foto: Clique favorito, Machu Picchu, Peru, 2009

 


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