Os mega aviões que pousam nas monstrópoles (as metrópoles sem fim de hoje em dia) ao redor do mundo, cada vez mais nos dão a impressão que o planeta virou uma aldeia conectada por aeroportos-cidades. Basta un clique para chegar, dizem os anúncios publicitários das companhias aéreas.
Mas ao olhar o mapa da Croácia, tentando me acercar pela primeira vez, tive certeza do contrário: o mundo parece sem fim. Ou você sabia que o lugar que um dia foi Grécia, Roma, Hungria, Iuguslávia, é hoje um país de 1185 ilhas, ou mais de 6000 km de litoral? A minha primeira pergunta, surpreso, foi: “por onde começar?”.
A Croácia de mil ilhas sempre me atraiu — um mistério, aliás, saber como os lugares invadem nosso subconsciente, ou como outros, mesmo que de moda, pouco nos chamam a atenção. Livrei-me da culpa em saber pouco sobre esse pedaço de terra em frente à Itália e pertinho da Grécia — de onde eu vinha de viagem –, por um simples motivo: o país é um dos mais jovens do planeta.
Antes parte da Iuguslávia, em ruínas depois da queda do muro de Berlim, em 1989; e sempre um território multiétnico, foi cenário de uma das batalhas mais sangrentas do final do século 20. Independente em 1992, mas não pacificado, resisitiu milagrosamente ao final do século. E foi além: em menos de 30 anos, desde o começo do movimento separarista, tornou-se um fenômeno global em vários sentidos.
Em 2013, depois de uma longa negociação, tornou-se o país número 28 da União Européia, mas não adotou o euro como moeda. Assim mesmo, facilitou bastante a chegada dos turistas — o turismo é a principal fonte de renda do país. Basta dizer que seu território, 152 vezes menor que o Brasil, recebe o dobro de turistas ao ano que o país do samba e das Olimpíadas (12 mi contra cerca de 6 mi).
Eu tinha apenas 60 horas para me situar nesse fenônemo do mundo, a “jóia do Adiático”, onde vive tanta gente quanto na Grande Brasília (4,2 milhões de pessoas). Era o tempo que tinha para entender — e aprender– como um lugar de conturbada História milenar e de trajetória triste aos olhos de um forasteiro, tornou-se sinônimo de presente vibrante e aposta de um futuro ainda mais promissor. Contarei o que vi e senti nos próximos posts.