A festa
Era uma vez um reino de nome plural. Um lugar onde todos os anos milhões de súditos se vestem de laranja dos pés à cabeça e invadem as ruas, as sacadas, os canais, os parques e qualquer outro espaço onde couber um corpo para celebrar uma instituição para eles intocável: a coroa. Festejam com total entusiamo o Koningsdag, ou “Dia do Rei” (King’s Day).
O dia é do reinado, mas o protagonismo é popular, notei ao participar da “festa do ano” dos Países Baixos, ou Holanda, em 2013. Segundo a tradição do povo conhecido por ser inovador, é uma ótima oportunidade de renovar as energias.
Por todo o país, mas principalmente em Amsterdã, ningém fica em casa. Ajudada pela chegada em massa de turistas, a população da capital do país dobra. A multidão é super família, e vai ser impossível não tirar uma foto de um bebê estiloso de laranja ou uma vellinha em traje de gala com a cor reinante. Animais vestindo roupas estilizadas disputam um concurso informal de fofura.
Centenas de artistas de rua apresentando musicais improvisados, dançando, fazendo humor aparecem no caminho. Junto a eles, barraquinhas de comidas tópicas e de bebidas — bebe-se como se não houvesse amanhã–, são um convite para provar comidas nunca antes vistas.
Todo e qualquer tipo de objeto é encontrado sobre toalhas nas calçadas, num ritual interessantíssimo que tem a ver com a renovação de que tanto falam: a compra, venda e troca de objetos usados entocados pelas famílias locais.
Dias antes do festejo, elas ocupam as vias de pedestres e se adiantam em demarcar os melhores espaços para oferecer seus produtos. É, segundo soube, o único dia do ano em que esse comércio é autorizado no país. O bazar é algo tão marcante no Dia do Rei, que o feriado nacional também é conhecido como Vrijmarkt, ou “Mercado Livre”.
Em meio a toda a balbúrdia organizada, grupos passam cantando versos –os que se lembram depois de tanta bebedeira–, dizem os irônicos– do poema Het Wilhelmus, considerado o hino da festa. Escrito em 1574, ele conta a história da vida e das batalhas de William of Orange, fundador de Casa de Orande e da Holanda como país.
História
O simbolismo em prestar reverência a vossa majestade é fruto da gratidão do povo com a monarquia. Foi Guilherme I, Príncipe de Orange, o grande impulsionador do movimento de independência dos Países Baixos da Espanha.
A comemoração do reinado surgiu em 1891 para homenagear a recém-coroada rainha Wilhelmina, à epoca com dez anos. Pelos 123 anos seguintes, comemorou-se apenas o Koninginnedag, ou “Dia da Rainha”, já que não apareceram homens à sucessão do trono. Até que em 2013, a rainha Beatrix, de 75 anos, abdicou do poder depois de 33 anos de reinado, em nome do filho.
Willem-Alexander, de 46 anos, passou a ser o rei do Reinado dos Países Baixos –que além de Holada reúne Aruba, Curaçao e Saint Maarten, antigas colônias. A filha mais velha do novo rei, Catalina-Amalia, de 9 anos quando ele foi coroado, é primeira na sua linha de sucessão.
Em 2016, o monarca tem poderes limitados. O poder real está com o ministro, já que a Holanda é uma monarquia parlamentarista. O monarca é neutro e não se pronuncia sobre temas políticos.
Quando
27 de abril, dia do aniversário de Willem-Alexander, o rei atual (a data pode variar, de acordo com o aniversário do(a) ocupante do trono). Se estiver planejando ir, chegue ao menos na noite anterior, quando há várias festas temáticas, de todos os ritmos, para comemorar o reinado.
Nota: se o aniversário do rei cair num domingo, a festa é antecipada para o sábado
Onde
Holanda inteira, principalmente Amsterdã
Por que ir?
Para vivenciar uma festa animadíssima de tradição completamente diversa da brasileira
O que você precisa saber
Amsterdã está sempre lotada de turistas, e é quase impossível conseguir onde ficar –sem pagar preços absurdos– sem se planejar com no mínimo um mês de antecedência.
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