Cias. aéreas e aeroportos investem em apps para ‘facilitar a vida’ dos passageiros nos aeroportos

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Aplicativo para pedir comida, para calcular calorias, para achar o supermercado, para organizar o tempo, para saber do tempo, pra ver o melhor caminho pra chegar, para evitar blitz no caminho, para ter desconto na loja, para fazer comprar coletivas, para presentear, para ouvir música, para descobrir o nome da música, para encontrar o amor da vida, para fazer sexo casual. Há de tudo no feirão dos aplps, cujo objetivo, ao final do dia, é ajudar-nos a ganhar tempo.

Há alguns dias, deu no New York Times que há uma tendência crescente: várias companhias aéreas estão turbinando seus aplicativos para além de facilitar o check-in. Agora disputam o posto das que mais ajudam o passageiro a realizar várias atividades relacionadas à viagem, como achar um restaurante ou um vaga de estacionamento livre no aeroporto ou a menor fila da imigração disponível.

Se os esforços das cias para cativar os clientes são totalmente justificáveis num ambiente de extrema competitividade, a pergunta é: até que ponto mais e mais possibilidades online ajudam que atrapalham? Simplificam que confundem? Desestressam que nos deixam ansiosos? Até que ponto a inovação é pratica, e não marketing?

Segundo um especialista ouvido na reportagem, “os viajantes ainda estão tentando descobrir qual o real valor dos serviços oferecidos, se são convincentes o suficiente para que valha a pena baixar mais um aplicativo no seu telefone”.

Bingo.

Se é um caminho sem volta que cada vez temos mais acesso a informação à tecnologia, como agora — e isso inclui milhares e milhares de aplicativos a alguns cliques –, há também a certeza que muito do que nos é oferecido é desnecessário e, juntando-se toda a oferta, prejudicial. 

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Ao passar horas conectados de cabeça baixa para uma tela de celular, seguramente podemos economizar tempo em tarefas comezinhas, ao mesmo tempo que causamos danos ao nosso corpo — coluna torta, visão, problemas nas articulações dos dedos, ansiedade etc.

Também passamos a agir automaticamente, deixando de enxergar o que está a nossa volta. Deixamos de ver as coisas, de termos referências, de interagir, de conhecer pessoas, causando danos claros em nossa perspectiva da realidade e em nossas relações pessoais e profissionais.

Basta andar com algum adolescente para ver esses danos escancarados. Para alguém de 18 anos, pedir informações a um ser humano sobre onde fica o fast food do aeroporto, por exemplo, é cada vez mais impensável. Primeiro porque dá vergonha, depois porque é sinal de incompetência não conseguir achar a informação na tela. Mesmo que o sinal esteja ruim, a bateria a ponto de acabar, o balcão de informações a alguns metros, a melhor opção para eles é o smartphone. Que parece não nos deixa mais inteligentes.

Leia aqui a reportagem do New York Times reproduzida no Globo. 

ps.: Aproveite para ouvir ‘W/Brasil’, música que revigorou a carreira de Jorge Ben Jor, que passara a década de 1980 longe das paradas de sucesso. A canção incluiu a expressão “Deu no New York Times, que abre esse artigo, no imaginário pop brasileiro.

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