Abrace-se aos Lençóis Maranhenses!
Por que ir?
“Wow”, “Wooow”, “Woooooow”, repetia Moisés, meu amigo do Kuwait diante da natureza alucinante a nossa volta. Estávamos no Parque dos Lençóis Maranhenses, um pedaço de terra do tamanho da cidade de São Paulo — 156,5 mil hectares — e 70 km de litoral, a cerca de 4h de São Luís, a capital do Maranhão.
Eu repetia o espanto do meu amigo que havia viajado quase 12 mil quilômetros para ver o Brasil de ponta a ponta numa viagem de três meses. Abaixo de um sol a pino, entre una duna e outra, ele exclamou: “não tenho idéia quantas vezes disse ‘wow’ (impressionado) hoje”. “Melhor nem contar”, disse boquiaberto com todos os ângulos que via.
E olhe que Moisés está super acostumado com o alaranjado da areia refletida pelo sol. O Kuwait, sua casa, é cercado por desertos, e ele, engenheiro de minas, trabalha por dias em meio do nada. “Mas os Lençóis são diferentes”, pedia-me para dizer aos locais curiosos com aquele “homem das arábias”, como o chamavam quase todos na região. Ele tinha razão. Um horizonte quase infinito de dunas que mudam de cor com a luz do dia e que, vistas do alto, lembram mesmo lençóis soltos ao vento; uma paisagem na qual em determinado momento do ano quase 5 mil lagoas de água cristalina aparecem para meses depois desaperecem engolidas pela areia; um ecossistema na qual mangues, floresta, cerrado e o mar se cruzam em mudanças alucinantes de cenários. Eis o cenário.
A natureza foi mesmo generosíssima com este pedaço de terra. Em nenhum outro lugar do planeta existe coisa parecida.
Estive nos Lençóis no final de fevereiro deste ano (a melhor época para ir é entre o final de maio e o final de agosto, quando há o máximo de lagoas cheias). Compartilho o melhor que vi e que soube sobre esse paraíso ainda pouco conhecido por nós, brasileiros, e pelo mundo.
Onde ficam os Lençóis?
Para muita gente, a primeira surpresa ao começar a pesquisar sobre os Lençóis Maranhenses é saber que se trata de um bioma costeiro. É normal pensarmos em dunas falta d’água, ou deserto, mas o que faz do lugar tão especial é que a areia avança, a partir da costa, de 5 km a 25 km em direção ao interior. Mar, mangue, restinga e dunas cortadas por lagoas de água doce, tudo junto, num ambiente único no mundo
Na região encontra-se a nascente do rio Preguiças, que corta o parque até a sua foz no oceano Atlântico.
260 km quilômetros e quatro horas de estrada separam Barreirinhas, principal porta de entrada dos Lençóis, de São Luís, capital do estado que dá nome a esse patrimônio natural brasileiro.
Até existe um aeroporto em Barreirinhas, que opera vôos privados e de onde saem passeios aéreos sobrevoando os Lençóis (R$ 300 por pessoa, sobrevôo de 40 min), mas nada de vôos comerciais. Outra rota — a que fiz, que despende mais tempo — sai de Fortaleza, passa por Jericoacoara e pelo Delta do Parnaíba.
Quando ir?
As dunas dançam seu balé o ano inteiro, mas o oásis de areia, água e verde fica mais bonito entre o final de maio e o final de agosto. Isso porque as chuvas começam em fevereiro e seguem pelos meses seguintes. Em junho começa o período de estiagem, ou seja: água mesmo somente nas quase cinco mil lagoas que se formam ao longo do Parque. Juntando as piscinas cristalinas ao céu azul, você estará diante de um paraíso na Terra. Aconselho, se possível, ir na época de São João (final de junho), aproveitar a festividade por alguma cidade do Maranhão e depois seguir Lençóis. Detalhe: estive no final de fevereiro, quando as chuvas recém haviam começado, e suspirei com o que vi. Ou seja: vá quando puder!
Como chegar?
Você pode chegar de carro as alguma das três pequenas cidades que servem de base aos Lençóis, mas de Barreirinhas, Atins ou Santo Amaro terá que seguir em carros autorizados com guias de agências idem. as cidades-base são pequenas e seguram, e você pode cruzá-las a qualquer hora caminhando. Ou seja: se estiver vindo de São Luís, alugar um carro tem faz pouco sentido.
Se vir de Fortaleza — trajeto que fiz — e tiver ao menos sete dias, alugar um carro e parar no caminho é uma ótima pedida. Parei em Jericoacara e depois em Parnaíba. A cidade mais próxima que chegará dos Lençóis é Paulino Neves, de onde terá que seguir a Barreirinhas em veículo 4×4 (há Toyota compartilhada e serviço privado disponíveis). O trajeto dura cerca de 1h30 e custa R$ 20 em transporte compartilhado. Pergunte na cidade de onde saem as Toyotas, todos sabem indicar de onde saem.
É uma viagem cara?
Como quase qualquer destino, a resposta é: depende. Principalmente do seu planejamento e da sua flexibilidade — e às vezes das duas coisas mais sorte, quando há uma promoção aérea.
Onde ficar?
Seguindo dicas de amigos que haviam visitado os Lençóis, escolhi Barreirinhas como base. Atins e Santo Amaro, duas cidades menores ao redor do Parque, são as outras opções. Em resumo, dizem que Barreirinhas tem melhor estrutura, Atins é mais bonita e Santo mais virgem. Se optar por Barreirinhas, você poderá relaxar em hotéis grandiosos, pousadas aconchegantes ou mesmo em hostels mais econômicos, a partir de R$ 40 a diária.
Quanto tempo ficar?
No mínimo três dias inteiros, idealmente cinco. Uma viagem de bate-volta ou de dois dias para um destino longe e sensacional é quase perda de tempo. Se tiver mais tempo e tiver chegado a Barrerinhas, aproveite para conhecer Atins (ouvi locais a chamarem de “Nova Jericoacara) e Santo Amaro, chamada de rota alternativa aos Lençóis. Aproveite também para curtir um dia em Caburé, onde rio e mar se juntam e tornam o cenário ainda mais sensacional. E onde se come maravilhosamente bem em restaurantes simples à beira-mar.
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